essa é uma esquete que estava juntando um pouco de poeira no google docs e resolvi postar inspirada por essa grande notícia que vi hoje.
Elenco:
PALESTRANTE
BRENO
ALUNO 1
ALUNO 2
ALUNO 3
PALESTRANTE
3 em cada 10 brasileiros já foram vítimas de algum golpe esse ano. Isso quer dizer que a cada 10 pessoas que você conhece, podia ter enganado 3. Nesse curso introdutório ao golpe e estelionato vocês vão aprender 1-identificar a vítima, 2-aplicar o golpe e 3-o pós-golpe, que é como se fosse um pós-venda, uma atenção extra que você dá para a vítima pra ela sentir que teve uma experiência de golpe única, customizada, feita na medida pra ela. Alguma pergunta? Não, então vamos começar:
1-Identificar a vítima:
Fácil, gente: crianças, velhos, gente pobre em geral.
ALUNO
Gente rica não?
PALESTRANTE
Gente rica é desconfiada. Tudo ela acha que estão querendo roubar o dinheiro dela. Pobre não. Pobre sempre acha que não tem como ficar mais pobre e isso é uma falácia.
ALUNO
E adulto normal assim, igual a gente? Nem criança nem velho nem rico nem pobre?
PALESTRANTE
Você acabou de descrever um golpista. Você vai querer tentar aplicar um golpe num golpista? Não vai, né? Prosseguindo…
2-Aplicar o golpe:
Aqui, gente, é muito amplo. Tem milhares de jeitos de você aplicar um golpe em alguém. Tem uns mais elaborados, uns mais grosseiros, eu poderia ficar aqui a tarde inteira dando exemplos de golpes pra vocês mas eu vou fazer melhor: vou tentar dar um golpe em um de vocês aqui, na frente de todo mundo. Eu preciso de um voluntário. Quem se habilita?
ALUNO
Eu.
PALESTRANTE
Muito bem, qual seu nome?
ALUNO
Eu falo meu nome verdadeiro?
PALESTRANTE
Não importa. Fala qualquer nome
ALUNO 2
Eu tenho uma pergunta. Então o nome não influencia no sucesso do golpe? Porque em um outro curso que eu fiz o professor falou que os nomes Rafael, Bruno, Eulália e Théo são mais propensos a cair em golpes
PALESTRANTE
É verdade. Mas isso é um tópico do módulo avançado desse curso, não vou abordar isso aqui hoje
ALUNO
Então pode me chamar de Breno.
PALESTRANTE
Perfeito, Breno, e se eu te dissesse que…
(Breno coloca as mãos sobre os ouvidos e começa a gritar lálálá)
PALESTRANTE
O que é isso, meu rapaz? Você é zureta das ideias?
ALUNO
Não, eu só não quero cair no seu golpe. Se eu não ouvir o que você está dizendo não vou ser enganado.
ALUNO 3
Boa, Breno!
ALUNO
Meu nome não é Breno.
(Outro alunos também gritam “boa”)
PALESTRANTE
Gente, silêncio. Breno, por favor para de tumultuar o curso. Você não iria fazer isso de ficar gritando lálálá na vida real, peço que você se comporte como uma pessoa normal pra essa demonstração. Depois, fora daqui, você pode voltar a ser louco à vontade. Então vamos lá, retomando: e se eu te dissesse que o marquinho tá com um esquema bom de desvio de celular.
ALUNO
Ah é?
PALESTRANTE
É, funciona assim…
ALUNO
GOLPISTA! O SENHOR É UM GOLPISTA. NÃO EXISTE MARQUINHOS NENHUM NEM CELULAR, VOCÊ QUER ROUBAR O MEU DINHEIRO.
PALESTRANTE
Chega. Minha paciência acabou. O senhor me acompanhe até lá fora um instantinho que eu quero ter uma palavrinha com você.
(Os dois saem da sala. O palestrante fecha a porta e os dois saem correndo. Depois de um tempo em silêncio um dos alunos se levanta, abre a porta e vê que não tem ninguém)
ALUNO
Ih, rapaz, acho que a gente foi enganado, hein. Não tem ninguém lá fora.
ALUNO
Não, acho que eles foram ali na calçada, pra lá da porta. Devem estar voltando.
ALUNO
Nossa, já pensou se a gente foi enganado? Se ele aplicou o golpe em todo mundo? E aquele maluco do Breno lá era um comparsa dele?
(Todos riem)
(Silêncio)
ALUNO
Ó, chegou mensagem dele.
(Todos leem mensagens diferentes: “se fudeu” “otário” “sua cara cair nesse golpe, rafael”)
ALUNO
Acho que é o tal do pós-golpe que ele falou no começo da aula.
ALUNO
Ah é, pode crer.
ALUNO
O cara é bom!
tem mais textos assim na zine que estou lançando com o nigel goodman. se gostou desse, pode apoiar sem medo. se não gostou, é melhor não apoiar porque você não gostar da zine também e vai ser uma experiência ruim.